terça-feira, 17 de agosto de 2010

O jogo casado da mídia com a campanha de Serra | Viomundo - O que você não vê na mídia

17 de agosto de 2010 às 14:44

por Luiz Carlos Azenha

Qual o motivo de William Bonner ter perguntado sobre o mensalão do PT, sem nunca mencionar o mensalão do DEM — que é de 2010 e envolveu um possível vice de José Serra, José Roberto Arruda — aos candidatos Marina Silva e José Serra, no Jornal Nacional, das Organizações Globo, com milhões de pessoas na audiência?

Qual o motivo da capa sobre o passado de Dilma Rousseff na revista Época, das Organizações Globo — sem equivalente sobre o passado de José Serra –, incluindo um quadro esdrúxulo com especulações e insinuações jornalísticas, ao estilo pornográfico de Ali Kamel?

É o jogo casado entre a mídia e a campanha de José Serra.

Os aliados do tucano na mídia dirigem os seus recursos humanos e financeiros para coberturas que acreditam ajudar a oposição. Serra “adota” em sua campanha os temas que a mídia já apresentou à opinião pública a título de “cobertura jornalística imparcial”.

Este é um trabalho investigativo que seria essencial fazer: desvendar exatamente qual é o esquema, quem faz a ligação entre a campanha de Serra e os grupos de mídia envolvidos neste “jogo casado”.

Fiquem com o artigo revelador da Folha:

17/08/2010 – 09h13
Serra tem prontos comerciais em que ataca petista e traz de volta mensalão

CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

O comando da campanha de José Serra (PSDB) produziu artilharia pesada contra a adversária e hoje líder nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT). O comitê de Serra tem prontos um jingle de rádio e um comercial de TV, para ataque contra a petista.

Dedicado ao eleitor nordestino, o jingle ressuscita o escândalo do mensalão, citando o ex-ministro José Dirceu. Em ritmo de forró, diz que o governo Lula vai acabar e Dilma trará de volta José Dirceu e os radicais.

Concluído nesta semana, um comercial lança dúvidas sobre a capacidade administrativa da ex-ministra. Na peça, uma apresentadora lista medidas encampadas por Serra, como genérico e a luta contra a Aids.

Ao mostrar o rosto de Dilma, pergunta se o eleitor lembra algo que ela tenha feito de benéfico. E conclui dizendo algo como “Serra é certeza. Dilma é dúvida” (o texto ainda estava sendo trabalhado nos últimos dias).

Reservadas para rádio e para as inserções comerciais, as críticas mais ácidas deverão estar lançadas até a semana que vem, mas devem estar longe do programa de estreia de Serra.

Segundo relato feito pelo coordenador de comunicação de Serra, o jornalista Luiz Gonzalez, o primeiro programa será destinado à apresentação do candidato, em contato com o povo.

Na tentativa de mostrar sensibilidade social do candidato, Serra apresentará beneficiários de políticas públicas defendidas por ele.

Nesse esforço de humanização do candidato, Serra transitará por cerca de 30 silhuetas de pessoas em tamanho natural. Nas filmagens, ele dançou “puladinho”, num cenário que reproduz um churrasco na laje, ao som de “quando o Lula da Silva sair, é o Zé que eu quero lá”.

Em ritmo de pagode, o novo jingle bate na tecla de que Lula não é mais o presidente: “Para o Brasil seguir em frente, sai o Silva e entra o Zé”.

Como o uso do primeiro nome e a opção pela camisa arregaçada, dando a ideia de dinamismo, fizeram parte da campanha de Geraldo Alckmin em 2006, a repetição da fórmula tem causado apreensão no tucanato. Ontem, líderes do partido insistiam para que Serra fosse, desde já, mais agressivo.

DÚVIDA

A dúvida sobre a capacidade de Dilma e a exaltação da biografia de Serra estarão nas inserções. A cargo da publicitária Átila Francucci, serão reduzidas, em sua maioria, a 15 segundos.

Com menor tempo de TV, o comitê Serra investe na ideia de volume, dividindo os 30 segundos convencionais à metade. Com isso, o número de aparições passa dos 3,5 diários para 5 ou 6.

Para garantir maior presença, Serra deverá ocupar ainda o tempo dedicado às inserções dos candidatos a deputados. Em São Paulo –onde tem registrado queda nas pesquisas–, Serra protagonizará todas as inserções, pedindo voto no 45.

A intenção é ocupar, ao menos, um terço do tempo destinado aos deputados. Serra também terá aparições nos programas reservados aos candidatos a senador, como o PPS do Rio.

Gonzalez sugeriu ainda que fossem agendadas atividades de maior mobilização para geração de imagens para o programa. 

O jogo casado da mídia com a campanha de Serra | Viomundo - O que você não vê na mídia

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