quinta-feira, 4 de março de 2010

O terrorismo digital

Como montar uma farsa pela internet

Vários e-mails circulam de caixa em caixas de entrada com a única intenção de atacar Dilma. Um deles associa Dilma à morte de Mário Kozel Filho, um jovem soldado, morto em um ataque da guerrilha armada contra um quartel do exército em 1968. Antes, o alvo do terrorismo eleitoral era Lula, que teve de superar o medo da Regina Duarte construído por Serra em 2002, e pela grande mídia desde longa data, mas desmistificado após 3 eleições e um fracassado segundo mandato de FHC. Agora a estratégia novamente é apelar para a emoção mais primitiva do ser humano. As armas são falsos factóides criados por mídia inescrupulosa, (mal) desmentidos posteriores deixando um grau de dúvida no ar, e em seguida, a elaboração e propagação de e-mails e blogs com farsas, que não resistem a simples pesquisas feitas na própria internet. Pena que estas dão mais trabalho que espalhar e-mails criando terror.

Tire suas conclusões:

Veja como uma ficha falsa criada na internet e publicada de forma inescrupulosa pela Folha criou e fez crescer outro mito da internet: a acusação contra Dilma pela morte de Mário Kozel Filho.

Repare que antes da ficha falsa da Folha de São Paulo, atribuída a Dilma, a pesquisa no Google não gera qualquer relação ou associação entre Dilma e a morte do soldado.
1. Uma pesquisa simples no Google sobre "mário kozel filho" mostra de pronto, e em primeiro lugar o verbete na Wikipedia, contando sua história (ou melhor de sua morte), informando o nome e codinome dos participantes da ação. Dilma não é citada.
2. A mesma pesquisa, porém, especificando o período de 20 a 26 de junho de 2008, semana que antecede o aniversário de 40 anos de sua morte, retorna 425 resultados.
3. Se incluirmos na mesma pesquisa (no mesmo período) o termo "dilma" retornam 7 resultados. Não foi encontrado "Dilma" no texto sobre o soldado, em nenhuma das páginas visitadas, .

Os eventos da ficha falsa
4. No final de 2008, a ficha falsa do DOPS sobre Dilma já circulava e-mails e blogs.
5. Em 05/04/2009 a Folha publicou a ficha (do e-mail) como sendo verdadeira.
6. Dilma encomendou laudo produzido pelos professores do Instituto de Computação da Unicamp (Universidade de Campinas) Siome Klein Goldenstein e Anderson Rocha concluiu: "O objeto deste laudo foi digitalmente fabricado, assim como as demais imagens aqui consideradas. A foto foi recortada e colada de uma outra fonte, o texto foi posteriormente adicionado digitalmente e é improvável que qualquer objeto tenha sido escaneado no Arquivo Público de São Paulo antes das manipulações digitais".
7. O laudo produzido pelo perito Antonio Nuno de Castro Santa Rosa da Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos), ligada à UnB (Universidade de Brasília), chega às mesmas conclusões.
8. Após receber os laudos, a Folha admite o erro, 20 dias depois, mas diz que vai contratar especialistas para verificar autenticidade, não do documento, que eles não tem, mas da imagem do e-mail recebido (a mesma periciada pela Unicamp e UnB). O documento simplesmente não existe.

O que aconteceu depois da ficha falsa da Folha
9. Uma nova pesquisa no Google sobre "mário kozel filho", selecionando-se o período de 20 a 26 de junho de 2009, exatamente um ano depois à semana dos 40 anos de sua morte , retorna 718 resultados, um crescimento de 70%, comparado ao mesmo período um ano antes. O crescimento parece normal na internet onde um termo neutro e aleatório como "porta" cresceu 66,5% ( de 4.570.000 para 7.610.000), comparados os mesmos períodos.
10. Mas algo acontece se incluirmos na nova pesquisa (na mesma semana de 2009) o termo "dilma", gerou a ocorrência de 73 resultados. Dilma relacionada ao soldado, sobe 943% em ocorrências. Naturalmente, há páginas em que os nomes de Dilma e do soldado morto são citados em artigos diferentes e independentes entre si, o que se explicaria por uma maior exposição da ministra no cenário eleitoral. Mas a pesquisa só com o termo Dilma cresceu somente 153%, de 281.000 para 711.000, nos períodos comparados.


E agora, com a subida de Dilma nas pesquisas
11. Pesquisada os termos "mário kozel filho" e "dilma", juntos e separados, nesta última semana (até 04/03/10) geram, respectivamente, 226 e 188 resultados. Ou seja, enquanto as menções ao soldado caem 69%, desde junho de 2009, as páginas relacionando os dois continuam subindo (158%). O curioso é que o termo Dilma na última semana, também comparado a junho, caiu para 701.000 (-1%).
12. Última curiosidade - qualquer pesquisa (sem especificar data) associando os dois nomes e partes do texto do e-mail geram dezenas de milhares de resultados. Os blogs alimentam os e-mails e estes alimentam os blogs com a farsa eleitoreira, na era do terrorismo digital.

A saída tem sido usar as mesmas armas. Mais blogs e e-mails para desmontar as pataquadas da imprensa e dos internautas mal intencionados, alertando os desavisados.

Veja outros exemplos de farsas e mau uso da internet:

Do que os paulistas riem...
As viagens de Lula e FHC
As farsas dos privatistas

2 comentários:

  1. Há um artigo na Wikipédia sobre o soldado. Nenhuma menção é feita à Dilma (ainda):

    http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Kozel_Filho

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  2. Nem vai, porque a wikipedia (de construção coletiva) não trabalha com farsas como faz a Folha de São Paulo, Globo, Veja. Espero que continue assim.

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