quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A condenação do delegado Protógenes

Viomundo - O que você não vê na mídia
Luiz Carlos Azenha
10 de novembro de 2010 às 15:55

10/11/2010 – 14h19
Protógenes é condenado a três anos de prisão por crimes na Operação Satiagraha

da Folha.com

DE SÃO PAULO
O delegado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) foi condenado a três anos e onze meses de prisão pela Justiça Federal de São Paulo. Ele é acusado de vazar informações e forjar provas enquanto chefiava a Operação Satiagraha, que condenou o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, a 10 anos de prisão por corrupção ativa.
Protógenes irá recorrer da decisão, segundo seu advogado. Ainda que a decisão da Justiça Federal se mantenha, ele não cumprirá a pena na prisão: deverá, em vez disso, prestar serviços à comunidade em hospitais públicos ou privados, prefencialmente uma unidade de auxílio a queimados, de acordo com o processo. Confira a íntegra do processo.
O risco maior é para a carreira política de Protógenes: se instâncias superiores ratificarem a sentença, ele perde o mandato de deputado federal, conquistado nestas eleições, e fica proibido de exercer cargos públicos –inclusive de continuar como delegado da Polícia Federal.
Protógenes deve sua vaga na Câmara dos Deputados ao palhaço Tiririca (PR-SP): com votação maciça de 1,35 milhão de eleitores, o palhaço conseguiu “puxar” três candidatos que não tiveram votos o suficiente para se elegerem sozinhos, entre eles o delegado (dono de quase 95 mil votos).
A sentença foi dada no dia 5 de novembro, pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal Federal em São Paulo, a partir de uma denúncia da Procuradoria da República. A publicação da sentença aconteceu na terça-feira (9).
A Justiça também condenou Amadeu Ranieri Bellomusto, escrivão da PF e braço direito de Protógenes. Ele também teve sua pena, de dois anos de detenção, revertida para prestação de serviços à comunidade. Está, ainda, proibido temporatiamente de exercer “atividades relacionadas com segurança e espionagem”.
Protógenes e Amadeu deverão pagar R$ 100 mil e R$ 50 mil, respectivamente, “à coletividade”, segundo o processo.

‘PASTA PRETA’
A sentença do juiz Mazloum cita reportagem da Folha que mostra Protógenes munido de ‘pasta preta’ em debates presidenciais.
Em outubro, o aliado de Dilma Rousseff (PT) afirmou que iria a todos os debates com sua “pasta preta”. Dela saíriam, segundo Protógenes, documentos fruto de investigações sobre segurança e privatizações –que poderiam ser usados contra o então adversário de Dilma, José Serra (PSDB).
Mazloum destaca como “curioso” o fato de que “o acusado Protógenes em verdade tinha consigo dossiês dos dois lados”, ou seja, contra Dilma e contra Serra.
Também seriam alvos de “arapongagem” do delagado, segundo a sentença, os ex-ministros da Casa Civil José Dirceu e Erenice Guerra.
Do lado da oposição, os vigiados seriam o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), o deputado ACM Neto (DEM-BA) e o ex-ministro Mangabeira Unger.

ACUSAÇÕES
Quanto à fraude processual, Protógenes é acusado de editar as imagens em que emissários de Dantas negociavam o pagamento de propina a investigadores.
Ele também foi condenado por violação de sigilo funcional ao convidar um produtor de TV Globo para gravar a tentativa de assessores do banqueiro de subornar um delegado da PF. A “armadilha” aconteceu em junho de 2008, em um restaurante de São Paulo.

SATIAGRAHA
Protógenes esteve à frente da primeira fase da Satiagraha, que apura supostos crimes financeiros atribuídos a Dantas, mas acabou sendo afastado das investigações em julho de 2008.
Em julho de 2009, quando a Operação Satiagraha completou um ano, Protógenes afirmou estar com sensação de dever cumprido, apesar das “atrocidades” que sofreu com a família.
Listou-as em seu blog: “Perseguições externas e internas na Polícia Federal; vigilâncias nos meus deslocamentos para palestras, afastamento do cargo de delegado de Polícia Federal, sujeito a pena de demissão; perda de vantagens salariais; diminuição da renda familiar com aumento de despesas domesticas, tratamento de saúde de mulher, filhos e 74 ameaças contra minha vida”.
A campanha para deputado federal alardeava Protógenes como o herói responsável por “prender bandidos poderosos, políticos desonesto”, além de recuperar “mais de 40 milhões” e “desmantelar quadrilhas que lesavam o povo”.

OUTRO LADO
O advogado de Protógenes, Adib Abdouni, disse à Folha que não poderia comentar detalhadamente a sentença, pois ainda não teve acesso ao processo.
Ressaltou que o caso “foge do comum”.
“Posso dizer que o caso foge do comum. Tramita de uma forma diferente. Todas as informações foram levados à mídia primeiro. Não sei qual é o interesse [nisso]“, afirmou.
Ele disse não temer a perda do mandato de seu cliente, eleito para quatro anos na Câmara dos Deputados.
Disse ainda que a sentença de três anos e quatro meses “extrapola os limites da acusação”.

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