Enviado por luisnassif, sab, 12/06/2010 - 12:28
No futuro, os cursos de jornalismo transformarão em capítulo didático exemplar essa passagem da velha mídia pelas novas tecnologias da informação e a maneira como expuseram métodos que sempre foram segredo de ofício.
É verdade que, na moderna história da imprensa no país, em nenhum outro momento houve um envolvimento tão amplo com o jogo político. Justifica-se. Da abertura política até 2005, a velha mídia foi o principal personagem político do país, aquele que todos os governantes vinham beijar a mão, o receptador preferencial de dossiês que derrubavam políticos, assassinavam a reputação de magistrados, jogavam na lama adversários.
Da derrota de 2005 para cá, houve dois fenômenos. No plano político-partidário, a ascensão irresistível de Lula, conseguindo pairar acima das críticas. No plano midiático, o fortalecimento das novas mídias, ao mesmo tempo em que a velha se expunha a um jogo aloprado e previsível de tentar recuperar o espaço perdido.
O resultado foi esse estudo de caso online, no qual os conceitos são desenvolvidos simultanamente aos episódios analisados. E os episódios jorram aos borbotões, como se ainda estivessemos nos tempos do sigilo. Só que acompanhados por toda a Internet.
O que está por trás da dobradinha Veja-Folha nesse caso do livro-dossiê é de uma obviedade que permite até aos mais "bobinhos" perceber: "Até eu q sou uma "tonta" vi a requentada de notícia , hahahhaha", escreveu a twitteira bem humorada.
A constatação de que o conteúdo do livro é sério e ele precisa ser desmoralizado. E a velha mídia, a maior divulgadora de dossiês apócrifos, a que abriu espaço para o submundo de arapongas de Brasília, para chantagistas de toda espécie, cria um alarido contra o livro jogando-o na vala dos seus dossiês. A idéia, obviamente, será queimar antecipadamente obra e autor, antes do seu lançamento.
Mais que isso.
esquisas qualitativas mostraram o tiro no pé dos ataques a Lula. Mas devem ter revelado os pontos de resistência à candidatura Dilma – perceptíveis em qualquer conversa, aqui em São Paulo, com empresários, executivos e classe média alta.
O primeiro, a idéia da truculência, de que Dilma trará de volta o estilo PT de dossiês, pré-eleição de Lula. Esse estilo guerrilheiro, pesado, marcou profundamente o PT e exigiu anos de esforços para ser superado pelo governo Lula. Hoje não é utilizado pela singela razão de que o partido se institucionalizou, virou governo, e dossiês são armas de guerrilha, de quem está por baixo, não de quem está por cima.
Faz parte desse jogo colocar Bolívia, Venezuela e Cuba como se fossem partes integrantes da lógica de governo.
O segundo ponto é a imagem da Dilma «mentirosa» e «truculenta», que pegou nesse meio mais suscetível à influência da mídia.
É um jogo pesado que não agrega leitores, mas aprofunda no público cativo a radicalização política.
Vem sendo cobrado um altíssimo preço, na credibilidade da velha mídia. Então, os jornalões têm que se equilibrar em críticas moderadas contra Serra para justificar ataques pesados contra Dilma.
Esse equilíbrio perdido, entre a politização e o mau jornalismo de um lado, e o risco de perda de credibilidade do outro, permite vazamentos de críticas ao Serra, que serão maiores à medida que sua candidatura se mostrar inviável. Tudo para recuperar um naco de credibilidade para um novo ataque à mídia. Em mãos habilidosas, seria um desafio hercúleo. Para a atual geração de dirigentes de jornais, um desafio invencível: o padrão é "aloprado".
A matéria de hoje no Estadão é clara. Até agora, o jornal vinha patrulhando cada linha de reportagem que saía em qualquer caderno, até nos culturais. Mas, confrontado com um belíssimo trabalho de reportagem, esqueceu por um momento de que é instrumento político, e mostrou um jornalismo do qual seus leitores já nem se lembravam mais.
O Estadão e a alma da reportagem | Brasilianas.Org
É verdade que, na moderna história da imprensa no país, em nenhum outro momento houve um envolvimento tão amplo com o jogo político. Justifica-se. Da abertura política até 2005, a velha mídia foi o principal personagem político do país, aquele que todos os governantes vinham beijar a mão, o receptador preferencial de dossiês que derrubavam políticos, assassinavam a reputação de magistrados, jogavam na lama adversários.
Da derrota de 2005 para cá, houve dois fenômenos. No plano político-partidário, a ascensão irresistível de Lula, conseguindo pairar acima das críticas. No plano midiático, o fortalecimento das novas mídias, ao mesmo tempo em que a velha se expunha a um jogo aloprado e previsível de tentar recuperar o espaço perdido.
O resultado foi esse estudo de caso online, no qual os conceitos são desenvolvidos simultanamente aos episódios analisados. E os episódios jorram aos borbotões, como se ainda estivessemos nos tempos do sigilo. Só que acompanhados por toda a Internet.
O que está por trás da dobradinha Veja-Folha nesse caso do livro-dossiê é de uma obviedade que permite até aos mais "bobinhos" perceber: "Até eu q sou uma "tonta" vi a requentada de notícia , hahahhaha", escreveu a twitteira bem humorada.
A constatação de que o conteúdo do livro é sério e ele precisa ser desmoralizado. E a velha mídia, a maior divulgadora de dossiês apócrifos, a que abriu espaço para o submundo de arapongas de Brasília, para chantagistas de toda espécie, cria um alarido contra o livro jogando-o na vala dos seus dossiês. A idéia, obviamente, será queimar antecipadamente obra e autor, antes do seu lançamento.
Mais que isso.
esquisas qualitativas mostraram o tiro no pé dos ataques a Lula. Mas devem ter revelado os pontos de resistência à candidatura Dilma – perceptíveis em qualquer conversa, aqui em São Paulo, com empresários, executivos e classe média alta.
O primeiro, a idéia da truculência, de que Dilma trará de volta o estilo PT de dossiês, pré-eleição de Lula. Esse estilo guerrilheiro, pesado, marcou profundamente o PT e exigiu anos de esforços para ser superado pelo governo Lula. Hoje não é utilizado pela singela razão de que o partido se institucionalizou, virou governo, e dossiês são armas de guerrilha, de quem está por baixo, não de quem está por cima.
Faz parte desse jogo colocar Bolívia, Venezuela e Cuba como se fossem partes integrantes da lógica de governo.
O segundo ponto é a imagem da Dilma «mentirosa» e «truculenta», que pegou nesse meio mais suscetível à influência da mídia.
É um jogo pesado que não agrega leitores, mas aprofunda no público cativo a radicalização política.
Vem sendo cobrado um altíssimo preço, na credibilidade da velha mídia. Então, os jornalões têm que se equilibrar em críticas moderadas contra Serra para justificar ataques pesados contra Dilma.
Esse equilíbrio perdido, entre a politização e o mau jornalismo de um lado, e o risco de perda de credibilidade do outro, permite vazamentos de críticas ao Serra, que serão maiores à medida que sua candidatura se mostrar inviável. Tudo para recuperar um naco de credibilidade para um novo ataque à mídia. Em mãos habilidosas, seria um desafio hercúleo. Para a atual geração de dirigentes de jornais, um desafio invencível: o padrão é "aloprado".
A matéria de hoje no Estadão é clara. Até agora, o jornal vinha patrulhando cada linha de reportagem que saía em qualquer caderno, até nos culturais. Mas, confrontado com um belíssimo trabalho de reportagem, esqueceu por um momento de que é instrumento político, e mostrou um jornalismo do qual seus leitores já nem se lembravam mais.
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