segunda-feira, 26 de abril de 2010

Metrô de Serra atrasa por redução de investimento

 JORNAL DA TARDE 26-04-2010

Governo de SP deixou de investir R$ 1,3 bi no Metrô
Obras Linha 4 - Amarela do Metrô
Governo de SP deixou de investir R$ 1,3 bi no Metrô
Orçamento previa gasto de R$ 3,3 bilhões em 2009 na expansão da rede de trilhos, mas foram aplicados R$ 2 bilhões; maior atraso é na Linha 5-Lilás, que deixou de receber R$ 1 bilhão do que havia sido planejado no ano passado
FELIPE GRANDIN, felipe.grandin@grupoestado.com.br
A gestão do ex-governador e pré-candidato à presidência José Serra (PSDB) deixou de investir R$ 1,3 bilhão na expansão da rede de Metrô de São Paulo no ano passado. Ao todo, estava previsto o gasto de R$ 3,3 bilhões, mas foram aplicados R$ 2 bilhões na ampliação, segundo balanço do Metrô, publicado no dia 15 de abril no Diário Oficial do Estado e no Jornal da Tarde. O valor de investimento estava previsto no orçamento 2009, aprovado pela Assembleia Legislativa. Segundo a empresa, não houve falta de recursos financeiros nas obras.
A redução dos investimentos ocorreu principalmente pelo atraso na Linha 5-Lilás, cujas obras deveriam ter começado no início do ano passado, mas só saíram do papel em agosto. O trecho deixou de receber R$ 1 bilhão, o equivalente a 80% da verba prevista.
Com isso, as estações Adolfo Pinheiro e Brooklin-Campo Belo, que seriam inauguradas este ano, só entrarão em operação em 2011. O prolongamento prevê ampliação do ramal até a Chácara Klabin, interligando com as Linhas 2-Verde e 1-Azul, na Estação Santa Cruz, até 2013.
Também houve atraso na Linha 4-Amarela, que recebeu investimento de R$ 699 milhões, 20% a menos do que estava estimado. As duas primeiras estações, Faria Lima e Paulista, deveriam ter entrado em operação no mês passado, mas ainda não foram abertas (ver ao lado). Já a Linha 6-Laranja não recebeu os R$ 70 milhões que constavam do orçamento.
A Linha 2-Verde foi a única a receber toda a verba prevista. Do R$ 1,1 bilhão orçado foi aplicado R$ 1,08 bilhão. Ainda assim, o cronograma atrasou. As Estações Tamanduateí e Vila Prudente deveriam ter sido inauguradas em março, mas a abertura foi adiada para junho. Já a extensão da linha até Cidade Tiradentes, por monotrilho, recebeu apenas R$ 50 milhões dos R$ 228 milhões reservados pela Prefeitura (veja abaixo).
O Metrô afirmou, em nota, que o cronograma pode variar em “cinco meses para mais e um para menos” sem que isso caracterize o descumprimento da entrega (leia mais ao lado).
A ampliação da Linha 5-Lilás tem enfrentado problemas desde o início. Começou com a demora para fazer as desapropriações nas áreas dos canteiros de obras, que levaram mais tempo que o previsto para ser concluídas. O último entrave ocorreu no mês passado, quando as obras de prolongamento romperam cabos de fibra ótica da Telefônica, em Santo Amaro, zona sul da cidade.
As obras na linha devem deslanchar este ano com a liberação de empréstimos no valor de US$ 1,13 bilhão. Foram US$ 650,4 milhões do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e US$ 481 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Segundo José Geraldo Baião, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Aeamesp), problemas como esse não podem ser previstos. “Há entraves burocráticos e no processo de licitação, que alteram a previsão.”
Para o engenheiro e especialista em transportes Horácio Figueira, a redução no investimento é um indicativo de falta de verba ou de falha de planejamento. “Ou não havia dinheiro para fazer a obra ou o cronograma foi mal planejado.”
Prefeitura não repassou R$ 903 mi

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) deixou de repassar R$ 903 milhões ao Metrô nos últimos dois anos. A Prefeitura deveria ter investido R$ 1,228 bilhão até o ano passado, mas só depositou R$ 325 milhões na conta da empresa.
Em 2008, dois meses antes das eleições, Kassab prometeu investir R$ 1 bilhão no Metrô naquele ano e outro R$ 1 bilhão nos quatro anos seguintes, caso fosse eleito.
No ano em que fez a promessa, porém, o prefeito repassou apenas R$ 275 milhões. Outros R$ 198 milhões foram dados em Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), títulos que dão direito a construir acima do permitido na área das operações urbanas. Esses papéis, no entanto, não foram leiloados.
O orçamento municipal previa o repasse de mais R$ 228 milhões em 2009 para a expansão da malha metroviária da capital, mas só R$ 50 milhões foram recebidos pelo Metrô. A Prefeitura afirma que o corte foi motivado pela crise econômica e que o montante será investido até o fim da gestão, em 2012, conforme prometido.

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